Finalmente, depois de tantos anos, eu assisti ao tão falado "Magnólia". Desde 1999 eu ouvia falar muito bem desse filme, que me foi recomendado pelas mais variadas pessoas, e sempre tive curiosidade de vê-lo para entender o que havia de tão genial em um filme de 3 horas de duração que terminava com uma chuva de sapos e tinha o Tom Cruise no elenco.
3 horas depois, eu descobri: nada.
Não sei quando isso começou, mas parece que de uns 10 anos para cá todos os diretores iniciantes decidiram que o quente mesmo era fazer filmes com múltiplas linhas de tempo. Pegar vários personagens diferentes, e contar suas histórias de maneira embaralhada, para que no final tudo fizesse sentido, mostrando como a sociedade é complexa, que a vida é cheia de surpresas, blá blá blá.
"Magnólia" conta as histórias de várias pessoas: uma viciada em drogas que pensa que o pai a molestou, um policial careta que não consegue namorada, um menino prodígio explorado pelo pai no Show do Milhão, um trouxa que foi explorado da mesma forma nos anos 1960 e agora é só mais um desempregado, um picareta que ensina nerds otários a pegar mulher, um homem velho que trabalhava na TV e que agora está morrendo de câncer, sua esposa maluca que não toma os remédios para depressão e um enfermeiro desastrado que tenta fazer a coisa certa.
Como todas essas histórias se relacionam? É muito simples: um é casasdo com o outro, o outro é pai do outro, X comeu Y, fulaninho dormiu com não sei quem, e no final do filme tem uma chuva de sapos.
Não. É sério. No final do filme tem uma chuva de sapos.
E os personagens? Bom, os personagens são só um bando de pobres coitados precisando urgentemente de terapia. Só isso. Eles não são interessantes, não têm nenhum mistério, e não têm nada de interessante para dizer. Exceto talvez pelo velho, que faz um discurso interessante sobre arrependimento quando está prestes a morrer.
A culpa não é dos atores, que de maneira geral estão todos muito bem no filme. Até mesmo o Tom Cruise. Julianne Moore já se tornou especialista em mulheres frágeis e desesperadas com depressão clínica e tendências suicidas. Alfred Molina, irreconhecível, faz uma boa ponta como Solomon Solomon. William H. Macy, Melora Walters e John C. Reilley também estão bem. E Jason Robards, que deve ter uns 40 anos de carreira a mais do que todos esses outros atores, dá um banho de atuação como o moribundo Earl Partridge. Ele passa o filme inteiro deitado na cama, dormindo em metade das cenas, e mesmo assim é a melhor coisa do filme.
O que me decepcionou em "Magnólia" foi ver que um diretor potencialmente bom gastou um filme enorme tentando ser genial e só conseguiu fazer um filminho chato. O roteiro, que aparentemente esbarra em vários assuntos delicados, acaba por não se aprofundar em nenhum deles. Começa e termina com uma baboseira qualquer sobre coisas estranhas acontecerem, e usa algumas famosas lendas urbanas totalmente fantasiosas como exemplo. E no final joga uma chuva de sapos para fingir que é um clímax ou algo do tipo. Mas é só um monte de sapos caindo do céu. Não tem nenhuma epifania nisso.
Acho difícil comparar esse filme com algum outro, mas vamos tentar: em termos de "filmes complexos cheios de relações inter-pessoais", eu diria que "Corra, Lola, Corra" é muito mais bem sucedido do que Magnólia. Funciona melhor, é mais redondinho, e as relações entre os personagens são mais significativas. Aquela doideira toda da edição e da história funcionam muito bem e têm algo a dizer.
Outro filme que me veio à memória foi "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", por causa dessa necessidade que "Magnólia" tem de a todo momento reafirmar que o mundo é um lugar mágico onde coisas estranhas acontecem. Amélie resolve essa "questão" com maestria e realmente chega em algum lugar - sem chuva de sapo, sem Tom Cruise, e com uma trilha sonora interessante.
Outra coisa: por que diabos o filme se chama "Magnólia"? Em todos os cômodos dos cenários aparece um quadro de uma magnólia pendurado na parede. E daí? Eu só reparei isso porque li em algum artigo. Por mim o filme poderia se chamar "Chuva de Sapos" ou "A Vida É Uma Confusão". Ia dar na mesma. Por que não "Petúnia" ou "Girassol"?
Resumindo: Um filme chato e pretensioso que não chega a lugar nenhum, e ainda usa um truque sujo para resolver a história. Alguém por favor pague um curso de roteiro pra esse menino. Tragam as sandálias da humildade para ele!
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É pra ter medo mesmo! São 44 livrinhos que eu colecionei quando era criança
e adolescente. Depois el...
2 comentários:
Eu ainda não vi Magnólia. Nem pretendo.
Meu deus.... essa foi a melhor critica que eu jah li em toda a minha vida....
haushauhsuahauahuaha
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